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Foto: Reprodução Correio 24h |
Um jovem de 17 anos foi detido em junho, suspeito de invadir dezenas de condomínios de luxo em várias partes do Brasil. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, o adolescente aplicava golpes com aparência sofisticada e comportamento calmo, o que o ajudava a se passar por morador nos edifícios de alto padrão. Estima-se que os furtos tenham causado um prejuízo superior a R$ 30 milhões.
Segundo reportagem do Fantástico, o adolescente usava roupas de grife, mochilas caras e fones de ouvido, transitando com naturalidade pelos portões, sem despertar desconfiança. Em algumas ocasiões, recorria a disfarces, como perucas ou símbolos religiosos, para enganar os porteiros e acessar os prédios. "A boa aparência acaba facilitando. Ele não tem 'cara de bandido'", disse o delegado Fábio Sandrin."Com a apreensão dele, acreditamos que ficará internado até completar 21 anos."
As imagens de câmeras de segurança mostram que o adolescente agia com desenvoltura. Em muitas situações, aproveitava momentos de distração ou esperava um morador abrir o portão para entrar logo atrás, simulando familiaridade. Também era visto acenando para funcionários da portaria, como se fosse conhecido.
"Boa aparência, bem desinibido, com fones de ouvido, aparentemente inofensivo. Já vem até o jeito de andar. Ele agia como se fosse um garoto rico", descreveu o delegado Fábio Sanchez Sandrin, responsável pelo caso.
Quando confrontado pelos funcionários, o jovem usava histórias convincentes. Alegava, por exemplo, ser neto de algum morador ou fazia ameaças. “Ele falava: 'vou mandar meu pai te mandar embora, você não me conhece?'. Ele tem boa lábia, acaba sendo persistente e incisivo na conversa. Muitos funcionários acabam se retraindo e cedem”, completou Sandrin.
Objetos de luxo
Além de entrar nos prédios com facilidade, demonstrava conhecer a planta dos locais e ia direto aos objetos de maior valor. Relatos apontam que escolhia com precisão o que levar: joias, dinheiro em espécie, relógios de luxo e bolsas caras eram alvos preferenciais. Eletrodomésticos e objetos grandes geralmente eram deixados para trás.
Um dos episódios mais ousados foi a tentativa de entrar no prédio onde vive Fábio Wajngarten, ex-assessor de Jair Bolsonaro. Na ocasião, o adolescente utilizou nome falso e afirmou ter laços familiares com moradores, mas não conseguiu enganar os porteiros.
A investigação mostrou que o jovem recorria a diferentes estratégias para acessar os imóveis. Tocava o interfone se passando por visitante, disfarçava-se com adereços como quipás ou perucas, e até ameaçava os funcionários para garantir a entrada. Na maior parte das ações, atuava sozinho, mas havia casos em que contava com cúmplices.
Entre os bens subtraídos estavam joias, relógios, dólares, euros e até cofres cheios de dinheiro. Em Foz do Iguaçu, por exemplo, ele teria levado cerca de R$ 6 milhões em dinheiro vivo e objetos valiosos. Segundo a polícia, ele agiu em ao menos seis estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
Entre os furtos registrados estão o roubo de cofres com US$ 30 mil e €10 mil em um apartamento no Jardim Paulista e o de três relógios de grife, um anel de diamantes e mil dólares em espécie.
Histórico
O histórico do adolescente com crimes não é recente. A polícia afirma que ele atua desde os 13 anos. Quando tinha 14, foi apreendido após furtar joias e relógios no apartamento da médica Ludhmila Hajjar, avaliados em R$ 3 milhões. Dias depois, foi encontrado jantando com amigos no Guarujá. Na ocasião, cumpriu um período de um ano e nove meses na Fundação Casa, sendo liberado posteriormente, voltando ao mundo do crime.
Quando foi novamente apreendido, em 17 de junho, morava sozinho em um imóvel de alto padrão e dirigia um carro de luxo. As autoridades afirmam que ele fazia parte de uma organização criminosa, e parte dos valores obtidos com os furtos era repassada a receptadores que ajudavam na revenda dos produtos.
// Correio 24h
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BRASIL